
O grupo Tropicantos chega ao fim de 2009 cheio de motivos para comemorar. E para não deixar essa alegria passar apenas em branco e vermelho vai fazer o último show do ano no Jazz’oo, no Centro de Ottawa, no dia 19 de dezembro. Um CD seria lançado na mesma data, mas os artistas querem fazer um bom material e ele virá apenas em 2010.
O conjunto, que conta com a participação de nove feras da música latino-americana, toca músicas que define como Bossa Nova, Andean-Flamenco Fusion, Samba, Salsa, Jazz-Complexioned e Folklore-Funk Acoustics. Se você não entendeu, não se preocupe. O que importa mesmo é que no fim tudo isso resulta num som de riqueza incomparável.

Na verdade, foi Carlos Morgado Terrones, um chileno membro da Florquestra Brasil, conjunto que ele, Leonardo e Regina têm dentro do Projeto Tropicantos, o grande alquimista que surgiu com a ideia. Juntaram um elsalvadorenho, um guatemalteco brilhante em composições, um peruano e três outros brasileiros e formaram o fenômeno musical que é o Tropicantos.
“Nós somos como uma família”, Regina diz tentando explicar o prazer que tem sido tocar junto de pessoas que considera tão especiais. O brilho de seu olhar, contudo, diz mais que mil palavras. “O concerto é possivelmente uma viagem para cada um. Eu me sinto como um turista violonístico no meio de tanta gente boa”, arremata Leonardo.
Com a fidalguia de seu português impecável, o romeno tenta explicar a magia do Tropicantos. Os músicos tentam contribuir com seus próprios estilos para a canção de determinada origem cultural. Os instrumentos se encaixam com harmonia trazendo para um determinado ritmo a nuance cultural de cada músico. Nasce o som Tropicantos.

Certa vez o grupo precisava ensaiar para uma apresentação. Havia a oportunidade de fazer apenas dois ensaios, o que deixou Leonardo preocupado. Tito Medina, o guatemalteco bom compositor, disse que não queria ensaiar demais, preferia que os músicos sentissem na alma os arranjos e a harmonia. Deu certo, o show foi ótimo. “É preciso ter o ouvido bom”, exclama Regina.
Historicamente, a América Latina nunca teve uma identidade própria. O conjunto Tropicantos conseguiu, no Canadá, sintetizar através da música toda a beleza de se fazer música do lado debaixo do Equador. Esta magia fraternal que eles conseguiram através da arte é de deixar qualquer político fã da globalização com inveja.
“Eu sei que a salsa não leva surdo, mas encaixo a minha batida no som que o outro está fazendo, respeitando o ritmo”, registra Regina. O som vai fluindo assim, de acordo com a origem cultural de cada canção, com a contribuição criativa que cada músico pode dar a partir do seu próprio repertório cultural. E o colorido da harmonia se sobrepõe a tudo.
A Família Ideal
Segundo Regina Tavares, a ideia original do Tropicantos era a cada show apresentar um artista novo. Explorar as relações dele com o conjunto a ponto de todos crescerem juntos musicalmente. Cada espetáculo “era para dar oportunidade também a quem não tinha espaço”, diz a artista.
Por outro lado, Leonardo crê que o conjunto atingiu seu equilíbrio ideal. “Encontramos a família mais perfeita e acho que devemos manter isso”, afirma o romeno. Ele se lembra de um ensaio em sua casa que durou um dia inteiro, mas que na sua opinião foi perfeito.

“O Tropicantos está gravando um disco que, infelizmente, não vai ficar pronto para o show e vamos aproveitar uma parte desse material para a Florquestra”, garante Leonardo. É que o a Florquestra Brasil foi o berço da ideia do Tropicantos.
Depois de longos anos encontrando e se despedindo de guitarristas que a acompanhavam, Regina Teixeira encontrou Leonardo Constant, com quem montou um conjunto chamado Brazilian Vibes. Tocavam Bossa Nova, mas a ideia não deu muito certo. “Os canadenses gostavam mais de Bossa Nova que os brasileiros, por incrível que pareça”, conta Regina.
Partiram então para a Florquestra Brasil, com Sílvio Modolo, outro brasileiro. “Foi o Leonardo que deu a ideia desse nome tão maravilhoso. No começo fiquei preocupada porque era difícil de falar, mas ele falou para eu ficar tranquila que ia dar certo”, conta a simpática brasileira dona de um canto de canário belga alimentado com farinha d’água da boa mesmo.
Em seguida veio o Carlos Morgado com a ideia desse projeto revolucionário e multicultural. Somaram-se então Willy Terrones Gamarra, Tito Medina, Salomon Carrillo, Fernando Acosta e, mais recentemente, Evandro Gracelli. Alquimia completa, este é o Tropicantos.
O último show, no mesmo Jazz’oo, deixou o conjunto extasiado. “Eram nove músicos no palco”, lembra Regina sorrindo amplamente. O próximo parece que vai ser até melhor, porque que o entrosamento entre os músicos ganhou ainda mais maturidade. O pessoal das cordas quebrou as cabeças para pegar a mesma batida, mas conseguiu, garante a brasileira.
Lançamento de CD em 2010
O pessoal do Tropicantos fazia planos de lançar o próximo CD durante o show do dia 19 de dezembro. As gravações já estão em andamento, mas os atrasos foram tantos que resolveram adiar para o ano que vem.
“É muito difícil reunir todo mundo para gravar”, comenta Leonardo. Obrigações familiares e de trabalho atrasaram as gravações e, consequentemente, os planos de lançamento do álbum. “A Regina, por exemplo, tem família, tem três filhas”, acrescentou o simpaticíssimo romeno. “É, não é fácil”, emendou Regina.
Às vezes algum músico está com um show na agenda no mesmo dia de estúdio, mas terminando a apresentação passa por lá para gravar a sua parte. E como os excelentes artistas têm um compromisso fundamental de fazer boa música, preferem fazer tudo com calma a apressar um trabalho que não vai ser lançado a contento de todo o grupo. É compreensível.
Serviço:
Show do Conjunto Tropicantos
Local: Jazz’oo European Bar & Lounge
132 Sparks St. (entre Meltcafe e O’Connor)
Ottawa, ON, K1P 5B6
Data: 19 de dezembro de 2009, às 20 horas
Ingressos: $18 (antecipados) e $20 (na porta)
Reservas: (613) 314-7688 ou
tropicantos@myspace.com
Outras informações sobre o Tropicantos:
http://www.myspace.com/tropicantos
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