Thursday, December 3, 2009

Beleza de Cantos Que Vêm dos Trópicos


O grupo Tropicantos chega ao fim de 2009 cheio de motivos para comemorar. E para não deixar essa alegria passar apenas em branco e vermelho vai fazer o último show do ano no Jazz’oo, no Centro de Ottawa, no dia 19 de dezembro. Um CD seria lançado na mesma data, mas os artistas querem fazer um bom material e ele virá apenas em 2010.

O conjunto, que conta com a participação de nove feras da música latino-americana, toca músicas que define como Bossa Nova, Andean-Flamenco Fusion, Samba, Salsa, Jazz-Complexioned e Folklore-Funk Acoustics. Se você não entendeu, não se preocupe. O que importa mesmo é que no fim tudo isso resulta num som de riqueza incomparável.

Leonardo Constant é o único romeno de toda esta história, mas sua paixão pela música brasileira o levou a falar a Língua Portuguesa de maneira quase impecável. “Às vezes ele fala melhor do que eu”, brinca Regina Teixeira, uma brasileira artista do grupo. “Gentileza sua”, responde elegantemente o romeno. “Pura paixão, aprendi com a Bossa Nova, com João Gilberto, Caetano Veloso…”, acrescenta com simpatia.

Na verdade, foi Carlos Morgado Terrones, um chileno membro da Florquestra Brasil, conjunto que ele, Leonardo e Regina têm dentro do Projeto Tropicantos, o grande alquimista que surgiu com a ideia. Juntaram um elsalvadorenho, um guatemalteco brilhante em composições, um peruano e três outros brasileiros e formaram o fenômeno musical que é o Tropicantos.

“Nós somos como uma família”, Regina diz tentando explicar o prazer que tem sido tocar junto de pessoas que considera tão especiais. O brilho de seu olhar, contudo, diz mais que mil palavras. “O concerto é possivelmente uma viagem para cada um. Eu me sinto como um turista violonístico no meio de tanta gente boa”, arremata Leonardo.

Com a fidalguia de seu português impecável, o romeno tenta explicar a magia do Tropicantos. Os músicos tentam contribuir com seus próprios estilos para a canção de determinada origem cultural. Os instrumentos se encaixam com harmonia trazendo para um determinado ritmo a nuance cultural de cada músico. Nasce o som Tropicantos.

Identidade Latina

Certa vez o grupo precisava ensaiar para uma apresentação. Havia a oportunidade de fazer apenas dois ensaios, o que deixou Leonardo preocupado. Tito Medina, o guatemalteco bom compositor, disse que não queria ensaiar demais, preferia que os músicos sentissem na alma os arranjos e a harmonia. Deu certo, o show foi ótimo. “É preciso ter o ouvido bom”, exclama Regina.

Historicamente, a América Latina nunca teve uma identidade própria. O conjunto Tropicantos conseguiu, no Canadá, sintetizar através da música toda a beleza de se fazer música do lado debaixo do Equador. Esta magia fraternal que eles conseguiram através da arte é de deixar qualquer político fã da globalização com inveja.

“Eu sei que a salsa não leva surdo, mas encaixo a minha batida no som que o outro está fazendo, respeitando o ritmo”, registra Regina. O som vai fluindo assim, de acordo com a origem cultural de cada canção, com a contribuição criativa que cada músico pode dar a partir do seu próprio repertório cultural. E o colorido da harmonia se sobrepõe a tudo.

A Família Ideal

Segundo Regina Tavares, a ideia original do Tropicantos era a cada show apresentar um artista novo. Explorar as relações dele com o conjunto a ponto de todos crescerem juntos musicalmente. Cada espetáculo “era para dar oportunidade também a quem não tinha espaço”, diz a artista.

Por outro lado, Leonardo crê que o conjunto atingiu seu equilíbrio ideal. “Encontramos a família mais perfeita e acho que devemos manter isso”, afirma o romeno. Ele se lembra de um ensaio em sua casa que durou um dia inteiro, mas que na sua opinião foi perfeito.

De Florquestra a Tropicantos

“O Tropicantos está gravando um disco que, infelizmente, não vai ficar pronto para o show e vamos aproveitar uma parte desse material para a Florquestra”, garante Leonardo. É que o a Florquestra Brasil foi o berço da ideia do Tropicantos.

Depois de longos anos encontrando e se despedindo de guitarristas que a acompanhavam, Regina Teixeira encontrou Leonardo Constant, com quem montou um conjunto chamado Brazilian Vibes. Tocavam Bossa Nova, mas a ideia não deu muito certo. “Os canadenses gostavam mais de Bossa Nova que os brasileiros, por incrível que pareça”, conta Regina.

Partiram então para a Florquestra Brasil, com Sílvio Modolo, outro brasileiro. “Foi o Leonardo que deu a ideia desse nome tão maravilhoso. No começo fiquei preocupada porque era difícil de falar, mas ele falou para eu ficar tranquila que ia dar certo”, conta a simpática brasileira dona de um canto de canário belga alimentado com farinha d’água da boa mesmo.

Em seguida veio o Carlos Morgado com a ideia desse projeto revolucionário e multicultural. Somaram-se então Willy Terrones Gamarra, Tito Medina, Salomon Carrillo, Fernando Acosta e, mais recentemente, Evandro Gracelli. Alquimia completa, este é o Tropicantos.

O último show, no mesmo Jazz’oo, deixou o conjunto extasiado. “Eram nove músicos no palco”, lembra Regina sorrindo amplamente. O próximo parece que vai ser até melhor, porque que o entrosamento entre os músicos ganhou ainda mais maturidade. O pessoal das cordas quebrou as cabeças para pegar a mesma batida, mas conseguiu, garante a brasileira.

Lançamento de CD em 2010

O pessoal do Tropicantos fazia planos de lançar o próximo CD durante o show do dia 19 de dezembro. As gravações já estão em andamento, mas os atrasos foram tantos que resolveram adiar para o ano que vem.

“É muito difícil reunir todo mundo para gravar”, comenta Leonardo. Obrigações familiares e de trabalho atrasaram as gravações e, consequentemente, os planos de lançamento do álbum. “A Regina, por exemplo, tem família, tem três filhas”, acrescentou o simpaticíssimo romeno. “É, não é fácil”, emendou Regina.

Às vezes algum músico está com um show na agenda no mesmo dia de estúdio, mas terminando a apresentação passa por lá para gravar a sua parte. E como os excelentes artistas têm um compromisso fundamental de fazer boa música, preferem fazer tudo com calma a apressar um trabalho que não vai ser lançado a contento de todo o grupo. É compreensível.

Serviço:
Show do Conjunto Tropicantos
Local: Jazz’oo European Bar & Lounge
132 Sparks St. (entre Meltcafe e O’Connor)
Ottawa, ON, K1P 5B6
Data: 19 de dezembro de 2009, às 20 horas
Ingressos: $18 (antecipados) e $20 (na porta)
Reservas: (613) 314-7688 ou
tropicantos@myspace.com

Outras informações sobre o Tropicantos:
http://www.myspace.com/tropicantos

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