Wednesday, December 9, 2009

Centro Português de Hull Completa 35 Anos


REPORTAGEM ESPECIAL

O Centro Comunitário Português Amigos Unidos, em Hull-Gatineau, completa 35 anos este mês e prepara uma festa inesquecível em sua sede, na 42 Hanson, dia 12 de dezembro, às 19 horas. Haverá um jantar e a apresentação da Orquestra Nossa Moda, que promete animar muito o ambiente. Antes, às 18 horas, haverá uma missa no mesmo Centro.

As festas portuguesas são conhecidas pela organização impecável. Eles avisam que é preciso fazer reservas com antecedência. A ementa do jantar inclui entrada, sopa, salada, New York Steak, legumes, batata parisienne, sobremesa, chá ou café. Adultos pagam $25 e crianças pagam apenas $12.

Como a data é a mais importante do ano para todos os portugueses que moram em Hull, esta festa promete ser a melhor de 2009. O Cena Canadense já conferiu o Jantar de Mariscos no mês passado e observou que realmente as festas organizadas por eles são as melhores.

História Marcante do Centro Português
A história do Centro Comunitário Amigos Unidos de Hull é repleta de fatos marcantes. Mesmo antes da inauguração do Centro, os portugueses que migraram para Hull já sentiam a necessidade de se unir em torno de um espaço que fosse sua casa. Do sonho à realidade, muito trabalho foi necessário. A tradição desbravadora desse povo foi fundamental para que hoje tenham seu espaço.

O Centro é visto como um monumento à trajetória dos colonos que chegaram ao Canadá. Sempre por algum motivo ligado à história de Portugal, os portugueses sonhavam em emigrar, melhorar de vida e retornar a sua terra. Isso tudo, somado ao gosto que seu povo tem pela aventura, trouxe vários lusitanos para a América do Norte.

Quando o Centro completou 25 anos, seus diretores organizaram um livro contando toda a história da chegada desses colonos, trazendo ao conhecimento inclusive dos mais novos, já nascidos no Canadá, todas as dificuldades enfrentadas por eles na adaptação à nova terra. A leitura do livro é bastante recomendável para portugueses, seus filhos, netos, bisnetos, e até mesmo aos brasileiros. É uma lição de senso comunitário.

O livro conta que foram vários os motivos de saída de portugueses de suas terras, em diferentes momentos da história. A pobreza, o desemprego, o recrutamento para a Guerra Colonial e a imobilidade social em Portugal são apontados como algumas das razões fundamentais que fizeram com que os portugueses deixassem seu país.

Naqueles tempos, eles não deixavam Portugal com a intenção de permanecer no Canadá. Havia sempre o sonho de voltar para sua terra. Porém, depois de um período por aqui, conseguiam se adaptar à cultura canadense, aprendiam a falar a língua e acabavam por trazer seus parentes que haviam ficado em Portugal.

Em 1985, o processo de emigração sofreu alterações em Portugal. Apesar da comunidade por aqui já ser muito grande, diminuiu bastante o número de novos portugueses que chegavam ao Canadá. Junto disso, a qualidade de vida melhorou muito na terra lusa.

Desde 1962, a comunidade portuguesa acumulava experiências de tentativa de preservação de sua cultura. Descrita no livro como religiosa e bem fechada, a comunidade alugava um horário de missa numa igreja. Os portugueses aproveitavam o fim da missa para conversar, trocar impressões e se reunir.

Mesmo dentro do horário alugado, muitas vezes eles eram postos para fora da igreja. Em certas ocasiões, as luzes foram apagadas antes mesmo do fim da missa. E quando esta terminava, eles eram conduzidos para fora causando muito desconforto, principalmente em épocas de frio. O acúmulo dessas vivências fez com que eles se juntassem para construir o seu próprio Centro.

Onze anos depois eles conseguiram inaugurar o Centro Comunitário Português Amigos Unidos, nome dado em lembrança à primeira tentativa, entre 1963-64, que era comercial e, segundo o livro, ajudou muita gente. Porém, durante esses 11 anos muita luta e muitos esforços de vários segmentos da comunidade colaboraram para que ela atingisse seu sonho. Ao longo de sua narrativa histórica, o livro conta detalhes interessantíssimos desse período.

Há, por exemplo, a história de um penedo que atrapalhava há muito tempo a passagem de caminhões durante as obras. Como tudo era feito com recursos que os próprios portugueses reuniam, um deles resolveu quebrar o penedo. Deus três marretadas sem sucesso. Parou um pouco, foi pegar vinho e um sanduíche, enquanto rezava pedindo ajuda aos céus. Voltou, deu mais uma marretada e nada aconteceu. Rezou bastante, tomou mais vinho, deu outra mordida em seu sanduíche e partiu com a marreta para cima do penedo. Foi quando conseguiu.

Mesmo em épocas de grandes dificuldades, os portugueses de Hull juntavam suas economias, voluntariavam-se para o trabalho e faziam as obras necessárias para levantar o Centro com sua igreja. O dia da inauguração foi motivo de grande orgulho e festa.

A história sofrida e heróica desta comunidade é o motivo de tanto orgulho. Há 35 anos o suor de cada português envolvido com esta trajetória está representado no monumento Centro Comunitário Português Amigos Unidos. E é isso que eles vão celebrar agora em dezembro. Mesmo os que ainda hoje lutam pela manutenção do Centro são grandes exemplos para os outros falantes da Língua Portuguesa no Canadá.

Fatos Históricos

Alguns momentos históricos de Portugal são relacionados ao Centro Comunitário Português Amigos Unidos no livro que celebrou seu 25º aniversário, há 10 anos:

1910-1932 – Fim da monarquia em Portugal, que existia desde o século XII;

1932 – Salazar torna-se Primeiro Ministro de Portugal. Logo depois cria o Estado Novo, instaurando a ditadura, que durou de 1933 a 1974;

1953 a 1954 – Chegada de muitos açorianos a Hull, aproveitando a necessidade de mão-de-obra existente no Canadá. Em Halifax, chegaram de navio ao Canadá. Foram em seguida para Montreal, onde foram divididos. Vieram para Hull os que tinham experiência com agricultura. Tiveram dificuldades de adaptação por causa da língua, do frio, dos hábitos alimentares e da solidão. Quando dois ou três portugueses se encontravam na rua, a polícia vinha desfazer o grupo pensando se tratar de algum encontro secreto que pudesse colocar em risco a segurança pública. Como não dominavam bem a língua, usavam gestos e sinais para se comunicar com os canadenses, o que às vezes causava problemas bem graves. Sofriam com brincadeiras de mau gosto dos colegas canadenses. Houve até problema sério com a polícia. Depois de adaptados e dominando a língua, optavam por trazer suas famílias em vez de voltar para encontrá-la em Portugal;

1960 – Começou a Guerra Colonial, em que os portugueses eram convocados, mesmo conta a vontade para lutar contra os revoltosos nas colônias que Portugal ainda havia;

1960 a 1976 – 1557890 emigrantes deixaram Portugal, sendo 574905 (36%) ilegalmente, sem a permissão do Governo Português;

1962 – Os portugueses começaram a se unir em torno da ideia de construir um espaço próprio, onde houvesse uma igreja e pudessem se sentir à vontade numa casa que fosse sua;

1973 – Fundação do Centro Português Amigos Unidos, nome dado em lembrança a outra tentativa de 1963-64, que tinha fins comerciais e ajudou muita gente;

1974 – Revolução dos Cravos;

5/1974 – Associação deu origem à Filarmônica Nossa Senhora de Fátima;

9/1974 – Associação incorporada ao Governo de Quebec; tinha como objetivos principais agrupar os portugueses de Hull, promover a cultura e favorecer a integração harmoniosa;

15/12/1974 – Inauguração do Centro Comunitário Português Amigos Unidos, em Hull.

1985 – Comunidade ainda cresceu muito, mas parou após mudanças nas leis de emigração portuguesa. A qualidade de vida em Portugal melhorou;

1987 – Obras para aumentá-lo;

1999 – Grande festa de 25 Anos do Centro.

Até hoje o Centro Comunitário Português Amigos Unidos exerce importante papel na preservação da cultura portuguesa no Quebec. Todos os portugueses são bem acolhidos e o Centro os assiste nos planos cultural, religioso, humano, cívico, escolar, artístico, do desporto e lazer, na confraternização e comunicação. Tratam-se de esforços feitos com muita dedicação para integrar a cultura portuguesa com a cultura canadense.

Festa de Natal

Um grande exemplo do esforço de integração dos portugueses é a sua Festa de Natal, que ocorrerá no domingo seguinte, dia 13 de dezembro, às 15 horas. Este ano, por exemplo, as crianças e adolescentes filhos e netos de portugueses, já nascidos no Canadá, estão ensaiando um Auto de Natal. Haverá ainda um palhaço e bolo para a criançada, e Vinho do Porto para os adultos.

As esforçadas professoras Carla Vaz e Sandra Anacleto, de Língua Portuguesa, Krystal Soares, de Artes, e Odélcia Rodrigues, de Teatro, juntaram-se para ensaiar os meninos e meninas. Carla e Sandra cuidam do entendimento do texto, Krystal preocupa-se com figurino e cenário, e Odélcia ensaia a apresentação de teatro. Sandra Anacleto compromete-se ainda em ajudar as professoras de Artes e Teatro na integração de seus trabalhos com o texto.

Os jovens, muitos dos quais ainda tímidos e sem muita desenvoltura no palco, esforçam-se para representar a ocasião sagrada do nascimento de Jesus Cristo. Divertindo-se muito com as vestimentas, experimentam a relação entre religião e cultura.

“A festa será aberta ao público”, garante Aurelina Arruda, uma mulher muito ativa e responsável pelas finanças do Centro. Aurelina, sempre muito elegante e simpática, brinca com a reportagem: “Teremos bolo e Vinho do Porto, bolo para as crianças e vinho para os adultos, é claro”, diz arrancando boas risadas de todos os presentes.

Haverá um Pai Natal (“Papai Noel no Brasil”, lembra Sandra Anacleto que é casada com um brasileiro) e ele trará presentes para todas as crianças. “Não será nada de especial, apenas um brinquedinho simples”, acrescenta Aurelina entre uma reunião e outra neste fim de ano corrido dentro do Centro Comunitário.

Serviço:
Festa de 35 Anos do Centro Comunitário Português Amigos Unidos
Jantar e Dança com a Orquestra Nossa Moda
Ementa do Jantar: entrada, sopa, salada, New York Steak, legumes e batata parisienne, sobremesa, chá ou café.
Adultos: $25; Crianças: $12
Reservas:
Natalie da Silva – (819) 360-3702
Maria Ferreira – (819) 243-0903
Manuela Neves – (819) 772-8607
Aurelina Arruda – (613) 314-2600
ccpau.adm@videotron.ca
Organização: Sol e Mar

Página Inicial

3 comments:

  1. Eu estava lá . Foi no ano em que casei, mas ainda na Igreja de ST . Bernadette. O Centro estava no inicio da construção, eu morava na Rua Taylor por detrás do centro ,depois mudei para a Rua Murray . Sou Céu Santos e meu marido era Mário Santos do Açor Ammeublement.

    ReplyDelete